sábado, 31 de outubro de 2015

Zoonoses e doenças emergentes transmitidas por animais silvestres

  No Brasil a destruição de ecossistemas em larga escala, causa ações degradantes à natureza, podendo advir em consequências desastrosas à vida na Terra. O avanço da agricultura e da pecuária proporcionou um contato entre as populações humanas e de seus animais domésticos com as populações de animais silvestres nos seus habitats. Este contato facilitou a disseminação de agentes infecciosos e parasitários para novos hospedeiros e ambientes, estabelecendo assim novas relações entre hospedeiros e parasitas, e novos os nichos ecológicos na cadeia de transmissão das doenças, desequilibrando todo um ecossistema. 
  Esse contato estreito entre os animais e a emigração desenfreada, vem levando a rê-emergência de várias zoonoses, com  importante participação dos animais silvestres na manutenção destas doenças na natureza.Os animais silvestres, tanto em vida silvestre como em cativeiro, podem ser reservatórios e portadores de várias zoonoses, podendo transmiti-las devido:

a) introdução de animais domésticos e/ou homem em um foco natural;
b) translocação de um hospedeiro infectado a um novo biótipo, donde existam hospedeiros suscetíveis;
c) modificação da dinâmica dos hospedeiros ou alteração do equilíbrio ecológico;
d) falta de alimento, o que obriga os animais reservatórios a translocar-se a outras biocenoses;
e) intervenção do homem na modificação dos ecossistemas;
f) mutações positivas no processo epidêmico do agente etiológico, facilitando sua disseminação;
g) intervenção das aves migratórias e dos vetores.


   Quando em ambiente de cativeiro, os esforços dos profissionais na manutenção de um rigoroso manejo sanitário é extremamente importante, entretanto o ambiente de zoológico continua sendo propício à disseminação de uma gama de doenças, muitas delas zoonóticas. O tráfico de animais também vem acarretando um desequilibrio nos sistemas, pois estão levando animais muitas vezes contaminados, que disseminarão as doenças em locais que antes a doença não era conhecida, tornando áreas endêmicas.

  Apresentamos algumas propostas abaixo, que visam o controle de zoonoses, principalmente transmitidas por animais silvestres:
- Planejar, coordenar, executar e avaliar as ações de controle e diagnóstico;
- Estudar a dinâmica das populações animais silvestres de interesse em saúde pública e animal;
- Realizar o atendimento à população com relação ao controle das zoonoses;
- Promover controle e a vigilância entomológica;
- Realizar diagnósticos laboratoriais;
- Divulgar resultados às entidades competentes;
- Desenvolver programas em parceria com universidades, institutos de pesquisas e com as instituições que possuem animais silvestres em seu plantel;
- Realizar a notificação de focos principalmente para as doenças (zoonoses) de notificação compulsória.
Referências

ACHA,P.N.; SZYFRES,B. Zoonosis y enfermidades transmisibles comunes al hombre y animales. 2.ed. Washington: Organization Panamericana de la Salud, 1986 (Publicación Científica 503).
BARLETT, P.C.; JUDGE, L.J. The role of epidemiology in public health. Office International des Epizooties Scientific and Technical Review, v. 16, n. 2, p. 331-336, 1997.
CORRÊA, S.H.R.; PASSOS, E.C. Wild animals and public health. In: FOWLER, M.E.; CUBAS, Z.S. Biology, medicine, and surgery of South American wild animals. Ames: Iowa University Press, p. 493-499, 2001.
CUBAS, Z.S. Special challenges of maintaining wild animals in captivity in South America. Office International des Epizooties Scientific and Technical Review, v. 15, n. 1, p. 267-287, 1996.
DUBEY, J. P.; BEATTIE, C. P. Toxoplasmosis of animals and man. Boca Raton: CRC, 1988. 220 p.
FOWLER, M. E. (Ed.). Zoo and wild animal medicine. 2. ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 1986.
FOWLER, M. E. (Ed.). Zoo & wild animal medicine. 3.ed. Philadelphia: W.B.Saunders, 1993. 617p.
HIRSH, D.C.; ZEE, Y.C. Microbiologia veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. 446p.
MONTALI, R. J.; MIGAKI, G. The comparative pathology of zoo animals. Washington: Smithsonian Institution, 1980. 684 p.
REY, L. Parasitologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
SEDGWICK, C. J.; ROBINSON, P. T.; LOCHNER, F. K. Zoonoses: a zoo’s concern. Journal American Veterinary Medical Association, v. 167, n. 9, p. 828-829, 1975.
SIEMERING, H. Zoonoses. In: FOWLER, M.E. (Ed.). Zoo & wild animal medicine. 2. ed. Philadelphia: W.B. Saunders, p. 63-68, 1986.
SILVA, J.C.R; OGASSAWARA, S.; ADANIA, C.H.; FERREIRA, F.; GENNARI, S.M.; DUBEY, J.P.; FERREIRA NETO, J.S. Seroprevalence of Toxoplasma gondii in captive neotropical felids from Brazil. Veterinary Parasitology, v. 102, p. 217-224, 2001



Nenhum comentário:

Postar um comentário